O ano era 1861. O imperador do Brasil, D. Pedro II, que criou a Caixa Econômica da Côrte, criou um decreto estabelecendo que o banco iria receber, com juros de 6%, as pequenas economias das classes menos favorecidas. Este era o surgimento da Caderneta de Poupança, que desde aquela época, até hoje, figura como a principal aplicação dos brasileiros. Porém, será que ainda vale deixar o dinheiro investido lá?
Como o próprio nome da aplicação e, de acordo com a finalidade de sua criação, desde lá trás, a Poupança tem o intuito de ser um instrumento acessível a todos que queiram guardar valores, com uma correção em cima disto.
Até aí tudo bem, afinal, como mostra o fluxo da Educação Financeira, é de extrema importância que indivíduos criem hábitos de economizar, poupar e investir. Porém, neste último pilar, dos investimentos, surgem diversas aplicações que precisam ser comparadas em função de risco, retorno, liquidez, e por aí vai.
Ao longo do tempo, as regras da Poupança passaram por transformações. Porém, aquela rentabilidade próxima de 6% praticamente continua. Hoje, a Poupança é um instrumento oferecido por praticamente todos os bancos, isenta de impostos e com a seguinte regra de remuneração:
- Quando a Selic estiver acima de 8,5%, a remuneração da Poupança é 0,5% + Taxa Referencial (TR);
- Quando a Selic for inferior a 8,5%, a Poupança tem rendimento equivalente a 70% da Selic + TR.
Os “poréns”
Até agora, parece interessante fazer investimentos na Poupança, pois só citamos as vantagens. Porém, temos que considerar três fatores que podem nos sinalizar que a Caderneta não é o investimento mais adequado, em boa parte dos casos.
1. Juros Real Negativo
Quando olhamos as duas formas de rentabilidade da Poupança, mostradas acima, estamos vendo o rendimento nominal. Porém, este número por si só não diz muita coisa. Mais do que ele, precisamos olhar o rendimento real. Este mostra a rentabilidade descontada pela inflação. Ou seja, como o próprio nome diz, mostra o ganho real que o investidor teve num dado período.
E aí que pega um dos primeiros alertas em relação à Poupança. Nos últimos tempos, em vários meses sua rentabilidade real ficou negativa. Ou seja, o investidor não perdeu dinheiro, afinal este rendeu, porém, quando comparado ao aumento dos preços, há uma perda de poder de compra (preços de produtos e serviços, em média, subiram mais do que o dinheiro rendido na aplicação).
2. Aniversário da Poupança
Um segundo cuidado em relação à Poupança é sobre a data de seus rendimentos. O popular “aniversário da poupança” significa que uma aplicação na Caderneta de Poupança só rende a cada 30 dias. Ou seja, é preciso se programar para resgatar o dinheiro na hora certa, pois qualquer movimento “desplanejado” pode representar uma perda de todos os ganhos de um período.
3. Custo de oportunidade
A Poupança é um rendimento de renda fixa, conservador. Esta modalidade funciona muito bem para quem quer guardar dinheiro, sem correr grandes riscos, como por exemplo para emergências ou para objetivos de curto prazo.
Porém, observando a régua de Risco x Retorno, é possível encontrar investimentos similares à Poupança, com rentabilidades melhores. Casos como o Tesouro Direto Selic e CDB’s de liquidez diária são dois grandes exemplos.
E, mais do que isso, os indivíduos têm diferentes objetivos para uso do dinheiro. Logo, não é necessário concentrar todas as aplicações apenas num único investimento. A diversificação, em função de prazos, finalidades e riscos, gera oportunidades em outros ativos, como investimentos de bolsa de valores, fundos e o P2P Lending.