Como não se lembrar de personagens icônicos como o Seu Madruga, do seriado Chaves, ou do Agostinho Carrara, do seriado A Grande Família? Eles dois têm algo em comum e que é o grande assunto deste nosso conteúdo: o risco de crédito, ou o famoso “calote”.
O que é o Risco de Crédito?
Quando falamos de investimentos, estamos falando de um gasto ou de uma aplicação de recursos feito com o intuito de obter retornos futuros. Porém, nem sempre este retorno acaba se consolidando, em função de "problemas" que podem aparecer no meio do caminho.
São três os principais riscos presentes no mercado financeiro: mercado, liquidez e crédito.
O risco de crédito existe em qualquer operação financeira que envolve confiança, ou seja, quando uma instituição libera algum tipo de crédito pressupondo que receberá o pagamento.
Ele se resume na possibilidade de ocorrência de perdas associadas ao não cumprimento pelo tomador ou contraparte de suas respectivas obrigações financeiras nos termos pactuados, à desvalorização de contrato de crédito decorrente da deterioração na classificação de risco do tomador, à redução de ganhos ou remunerações, às vantagens concedidas na renegociação e aos custos de recuperação.
Análise de risco de crédito
Uma das principais formas de se planejar em relação ao risco de crédito é justamente por meio da análise deste.
Instituições financeiras, na hora que vão conceder linhas de crédito para seus clientes, fazem uma análise levando em conta uma série de fatores, tais como dados financeiros e a situação socioeconômica. As informações ajudam no cálculo da probabilidade e capacidade de pagamento por parte do tomador dos recursos.
Uma das principais formas de se fazer esta análise é a partir dos chamados 6C’s do Crédito. Eles consideram 6 variáveis que são levantadas para definir o nível de risco que um indivíduo ou uma empresa oferecem:
- Caráter: analisa o histórico financeiro do cliente e sua reputação no mercado;
- Capacidade: analisa a capacidade do cliente em quitar a dívida;
- Capital: considera o patrimônio líquido do indivíduo ou da empresa;
- Colateral: analisa as garantias dadas em troca do crédito;
- Condições: avalia o atual cenário financeiro do cliente, suas perspectivas e o potencial para aumento ou redução dos ganhos;
- Conglomerado: avalia a situação econômica de outros perfis similares.
Risco de crédito nos investimentos
Como vimos, o risco de crédito está presente em negociações que envolvam um credor e um devedor, o que acaba aparecendo em alguns tipos de investimentos.
Ou seja, nos investimentos que o dinheiro do investidor é usado como instrumento de crédito, aparece, justamente, esta possibilidade de não recebimento. Basicamente, é o principal risco presente nos investimentos de renda fixa, comuns no mercado de crédito. Investimentos como Poupança, CDB, LCI, LCA, Tesouro Direto, Debêntures e o P2P Lending são alguns destes exemplos. Em todos estes casos, os recursos do investidor são utilizados como crédito para indivíduos ou empresas. Estes, têm a obrigação de retornar o dinheiro emprestado com taxas de juros. E o risco de crédito se manifesta justamente nos casos de atrasos e não-pagamento por parte deles.
Para mensurar este risco de crédito, é comum serem criadas escalas, comumente representadas por letras:
- A e variações: aplica-se a um investimento com baixo risco de crédito;
- B e variações: envolve uma opção com risco médio de crédito;
- C e variações: indica uma aplicação com alto risco de crédito;
- D e variações: é destinado para investimentos de altíssimo risco ou de grau especulativo.
E este risco é proporcionalmente direto ao retorno esperado do investimento. Ou seja, investimentos de menor risco, mais conservadores, possuem um retorno esperado mais baixo. Enquanto investimentos de maior risco têm um retorno esperado mais alto, justamente como um prêmio pelo maior grau de risco tomado pelo investidor.
Neste cenário, o investidor se depara com um “dilema”, ao buscar melhores retornos mas com menores riscos. Para isso, é fundamental uma boa educação financeira, contribuindo nas análises dos investimentos, no mapeamento do perfil do investidor, na definição dos objetivos em função de prazos e com a diversificação!